A Palavra de vida de Janeiro “Sois chamados a proclamar os grandes feitos do
Senhor” (cf 1 Pt 2,9), nos estimula a testemunhar o Evangelho no dia a dia,
mesmo quando se vai contra a corrente.
«Sou
africano e estou estudando no Norte da Itália. Tempos atrás, li numa revista um
artigo em que o autor dizia que uma “noite” está invadindo a cultura ocidental
em todos os seus âmbitos, levando a uma perda dos autênticos valores cristãos.
Sinceramente não tinha entendido muito o sentido deste texto, até quando me
aconteceu um fato que me fez abrir os olhos. Era um sábado à tarde. Alguns
jovens, meus vizinhos de casa, me propõem sair com eles e passarmos juntos uma
noite. Querem fazer algo diferente. Somos seis ou sete. Para começar, vamos a um
local para dançar.
No início me divirto, me dizem que tenho a música no sangue, que sei dançar bem.
Porém, logo percebo que ao meu redor alguns dançam sem nenhum respeito nem por
si mesmos nem pelos outros. Não dançam por puro divertimento, mas para lançar
mensagens ambíguas. Dentro de mim percebo uma voz sutil, que me pede para ir
contracorrente e dançar com dignidade e por amor.
Após algumas horas, os meus colegas propõem ir a outro lugar. Confio neles,
afinal de contas são meus amigos, e aceito. Entramos em outro local. O tempo
suficiente para me dar por conta de onde estou, entre música num altíssimo
volume, luzes psicodélicas e um cheiro acre que entra forte pelo nariz, e
imediatamente fico transtornado. Esta não é uma discoteca normal, aqui garotas
se prostituem.
Fico muito desiludido e com raiva. Sem dizer nenhuma palavra, dou meia volta e
saio do local. Um dos meus amigos me segue. Ele me insulta, me chama de
retardado. Não lhe respondo. Passam poucos minutos, sai um outro, desta vez não
para me insultar, mas para me dar razão. Enfim outro amigo desliza para fora do
local e também ele me dá razão. Fico surpreso, criei uma corrente de
contracorrente. Sem ter falado nem dos ideais cristãos em que acredito, nem de
Deus, os outros me viram e entenderam.
Passam alguns meses. Fazia tempo que não pensava mais naquele episódio. Um dia,
um jovem que esteve conosco naquela noite, vem me visitar, me diz que estava
arrependido e que não queria mais frequentar aquele tipo de locais. Fico
admirado. Evidentemente Jesus estava trabalhando o seu coração.
Esta experiência me ajudou a entender mais radicalmente a necessidade de
arriscar e de dizer “não” a certas propostas do mundo, porque é o nosso
testemunho que impressiona as pessoas, mesmo se às vezes não percebemos».
(Yves, República dos Camarões)
Fonte: http://www.focolare.org/pt/
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