sábado, 13 de agosto de 2011

Eis que venho para fazer a Tua vontade

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«Eis que venho para fazer a Tua vontade» [Heb10, 9]. (1)
É um versículo do Salmo 40, que o autor da Carta aos Hebreus põe na boca do Filho de Deus, em diálogo com o Pai. S. Paulo quer sublinhar, deste modo, o amor com que o Filho de Deus se fez homem, para cumprir a obra da Redenção, por obediência à vontade do Pai.
Estas palavras fazem parte de um contexto em que o autor quer demonstrar a infinita superioridade do sacrifício de Jesus, em relação aos sacrifícios da Lei antiga. Ao contrário destes últimos – em que as vítimas que se ofereciam a Deus eram animais ou, em todo o caso, coisas extrínsecas aos homens –, Jesus, impulsionado por um amor imenso, durante a sua vida na Terra, ofereceu ao Pai a sua própria vontade, todo o seu ser.
«Eis que venho para fazer a Tua vontade».
Esta Palavra dá-nos a chave de leitura da vida de Jesus, ajudando-nos a perceber o aspecto mais profundo e o fio de ouro que liga todas as etapas da sua existência terrena: a sua infância, a sua vida privada, as tentações, as opções que fez, a sua actividade pública, e até a morte na cruz. A cada instante, em todas as situações, Jesus procurou uma única coisa: cumprir a vontade do Pai. E cumpriu-a de uma forma radical, não fazendo nada fora dela e rejeitando até as propostas mais aliciantes que não estivessem em plena sintonia com essa vontade.
«Eis que venho para fazer a Tua vontade».
É uma frase que nos faz compreender a grande lição que toda a vida de Jesus tinha em vista. Ou seja, que a coisa mais importante é cumprir não a nossa, mas a vontade do Pai. Temos que ser capazes de dizer «não» a nós mesmos, para dizermos «sim» a Deus.
O verdadeiro amor a Deus não consiste em lindas palavras, ou ideias ou sentimentos, mas na obediência efectiva aos seus mandamentos.
O sacrifício de louvor que Ele deseja que lhe façamos é oferecer-Lhe, com todo o nosso amor, aquilo que temos de mais íntimo, aquilo que mais nos pertence: a nossa vontade.
«Eis que venho para fazer a Tua vontade».
Como viver, então, a Palavra de Vida deste mês? É daquelas palavras que melhor põem em evidência o aspecto de contra a corrente do Evangelho, na medida em que combate a tendência que mais está enraizada em nós: satisfazer a nossa vontade, seguir os nossos instintos e sentimentos.
E é, também, uma das frases mais incómodas para o homem moderno. Vivemos na época da exaltação do eu, da autonomia da pessoa, da liberdade como fim em si mesma, da auto-satisfação para a realização do indivíduo, do prazer visto como critério para as próprias opções e como segredo para a felicidade... Mas já conhecemos as consequências desastrosas desta cultura.
Pois bem, a essa cultura baseada na satisfação da própria vontade opõe-se a cultura de Jesus, completamente orientada para o cumprimento da vontade de Deus, com os efeitos maravilhosos que Ele nos garante.
Então vamos procurar viver a Palavra deste mês preferindo também nós a vontade do Pai. Isto significa fazer dela a norma e a orientação de toda a nossa vida, tal como fez Jesus.
Deste modo, lançamo-nos numa divina aventura, que nos vai encher de gratidão a Deus. Através da vontade de Deus, santificamo-nos e podemos difundir o amor de Deus em muitos corações.
Chiara Lubich
1) Palavra de Vida, Dezembro de 1991, publicada em Città Nuova, 1991/22, pp. 34-35.

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